TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM X DIFICULDADES DE APRENDIZAGENS

"O sistema educacional brasileiro tem despertado grande interesse dos profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, diante dos altos índices de fracasso escolar e evasão acadêmica. Programas de avaliações nacionais e internacionais, que analisam os diversos cenários educacionais, têm apontado o Brasil entre os 5 a 10 países do mundo com o pior desempenho nas medições das habilidades de ciências, leitura e matemática (BRASIL, 2015).

Recentemente, um relatório disponibilizado pelo Banco Mundial (WORLD DEVELOPMENTE REPORT, 2018), com os dados do Programa de Avaliação de Alunos (PISA), revelou que, nesse ritmo de crescimento, o sistema educacional brasileiro só alcançará os índices dos estudantes dos países desenvolvidos daqui a 260 anos em leitura e 75 anos em matemática.

Com isso, o processo educacional continua sendo visto mediante desempenho, protocolos de avaliações e indicadores de fracasso escolar. E esse olhar fragmentado não contempla as singularidades dos escolares, que, imersos em um ambiente educacional brasileiro rígido, sem escolhas e possibilidades de autoconhecimento, veem-se perdidos com seus diversos diagnósticos, numa tentativa de justificar o insucesso acadêmico.

Um exemplo disso são os encaminhamentos realizados pelos profissionais educacionais brasileiros cuja "[...] queixa que motiva o encaminhamento é sempre a mesma: problemas de aprendizagem, baixa atenção e autoestima e consequentes distúrbios de comportamento, como retraimento ou agressividade" (SEABRA; CAPOVILLA, 2011, p. xlviii).

Evidentemente, esse mau desempenho não pode ser atribuído unicamente aos problemas de aprendizagem inerentes aos sujeitos. E, sim, de acordo com Claúdia Costin, professora da Universidade de Harvard, aos modelos metodológicos trágicos unidos à falta de investimentos financeiros e desvalorização profissional do professor (BARBA, 2016). Perante esses aspectos, muitas contribuições e diversas percepções constituíram-se e constituem-se no entendimento dos desafios da aprendizagem escolar brasileira.

  (trecho da dissertação de mestrado Fga. Verônica Land)

Na literatura encontramos vários termos utilizados, tais como: distúrbios, dificuldades, problemas e transtornos. Onde muitas vezes são empregados de forma incorreta e inadequada. 

 No universo educacional, as dificuldades de aprendizagens constituem-se em um grande desafio. Elas podem surgir por diversos motivos, como alteração no processo ensino-aprendizagem, falhas na alfabetização, fatores psicossociais e estimulação inadequada, sendo descritas como dificuldades de percurso ou barreiras educacionais. As dificuldades de aprendizagem, quando não identificadas precocemente, podem ser confundidas com Transtornos de Aprendizagens, que são caracterizados por um distúrbio de aprendizagem decorrente de uma disfunção no Sistema Nervoso Central. Ambos os casos, quando não identificados e remediados, têm como consequência o fracasso escola

Podemos verificar nos transtornos de aprendizagem como situações que ocorre com crianças, com capacidade cognitiva preservada e sem alterações sensoriais de visão e audição, que não conseguem acompanhar seus pares.

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM: dificuldades pontuais que podem surgir por diversos motivos, como problemas na proposta pedagógica, em alguma matéria, com o professor, problemas familiares, problemas emocionais ( baixa autoestima e emocionais).

TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM: os transtornos da aprendizagem compreendem uma inabilidade específica, como de leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual.

Tanto a CID-10 quanto o DSM-5 apresentam basicamente três tipos de transtornos específicos: o transtorno da leitura, o transtorno da matemática e o transtorno da expressão escrita. 

• Transtorno da leitura: é caracterizado por uma dificuldade específica em compreender palavras escritas. 
• Transtorno da matemática: também conhecido como discalculia, não é relacionado à ausência de habilidades matemáticas básicas, como contagem, e sim à forma com que a criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca. A aquisição de conceitos matemáticos, bem como de outras atividades que exigem raciocínio, é afetada nesse transtorno, cuja baixa capacidade para manejar números e conceitos matemáticos não é originada por lesão ou outra causa orgânica.
•  Transtorno da expressão escrita: refere-se apenas à ortografia ou caligrafia, na ausência de outras dificuldades da expressão escrita. Nesse transtorno, geralmente há uma combinação de dificuldades na capacidade de compor textos escritos, evidenciada por erros de gramática e pontuação dentro das frases, má organização dos parágrafos, múltiplos erros ortográficos, na ausência de outros prejuízos na expressão escrita.